Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro obteve 5,15 milhões de votos (51,2%) no último domingo (28/7). O resultado, no entanto, é contestado pela oposição e por líderes de diferentes países, que cobram mais transparência sobre o processo.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (29/7), o governo brasileiro evitou reconhecer o resultado e pediu a publicação do dados sobre a apuração dos votos, para garantir a “transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, enviado de Lula para acompanhar a votação na Venezuela, pregou cautela no reconhecimento, mas também disse que não vai “endossar nenhuma narrativa de que houve fraude”.
“É uma situação complexa, e nós queremos apoiar a normalização do processo político venezuelano”, informou Amorim em nota à imprensa.
Manifestações
Apesar das manifestações do governo brasileiro, o presidente Lula ainda não falou publicamente sobre a situação na Venezuela.
Enquanto isso, outros chefes de Estado se dividiram entre reconhecer o pleito e questionar a lisura do processo eleitoral. Na América do Sul, o presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que os resultados são “difíceis de acreditar” e que o país não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”.
Na mesma linha, o presidente do Equador, Daniel Noboa, endossou as críticas. “Em toda a região, há políticos que tentam agarrar-se ao poder e tentar tirar a paz aos nossos cidadãos”, disse.
Já Javier Milei, presidente argentino, foi mais efusivo e acusou Maduro de fraudar as eleições. Os Estados Unidos e países europeus também cobraram mais transparência na divulgação dos resultados.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, por outro lado, reconheceu o resultado e parabenizou Maduro pela vitória. Além do chefe de Estado boliviano, os presidentes da Rússia, de Cuba e de Honduras demonstraram apoio a Maduro.
Amizade e troca de farpas
Durante este terceiro mandato de Lula, o Brasil retomou os laços diplomáticos com a Venezuela de Maduro, que haviam sido rompidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mas, recentemente, com a proximidade das eleições, a relação entre os países começou a estremecer. Em março deste ano, o Itamaraty publicou uma nota manifestando preocupação com a decisão do governo venezuelano de impedir Corina Yoris, candidata da oposição, de concorrer ao pleito.
A Venezuela rebateu a manifestação brasileira, chamando-a de “cinzenta e intrometida” e que “parece ter sido redigida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Já na semana anterior ao pleito, Maduro subiu o tom contra Lula. O petista dizer que ficou “assustado” com a declaração do venezuelano de que haveria um “banho de sangue” caso perdesse as eleições.
Maduro reagiu à preocupação de Lula e sugeriu um “chá de camomila” para aqueles que ficaram assustados. O petista, no entanto, não foi citado diretamente pelo atual presidente venezuelano. Além disso, o líder atacou o sistema eleitoral brasileiro e pediu que países vizinhos, como o Brasil, não interfiram em assuntos internos da Venezuela.
Por Metropoles
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