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FEMINICÍDIO: Venezuelano atravessa o Brasil em perseguição e mata a ex com ácido
A venezuelana Ariana Victoria Godoy Figuera, 24, morava em Boa Vista (RR) e fugiu para o Rio Grande do Sul para escapar do ex violento; Vítima morreu na manhã desta sexta-feira (13)
Ariana Victoria Godoy Figuera, 24 anos, foi atacada no portão de casa FOTO: (Arquivo pessoal / Divulgação)
Para os vizinhos em Caxias do Sul (RS), um homem tranquilo e com vontade de arrumar trabalho a todo custo. Na vida íntima, um homem obsessivo pela ex-companheira, uma imigrante da Venezuela com quem havia rompido o relacionamento há 11 meses em Roraima.
Aos poucos, a rotina de Deivis Lobato Braga, 36 anos, que confessou ter jogado uma substância ácida no rosto de Ariana Vctoria Godoy Figuera, 24, começa a ser esclarecida. A jovem foi atacada no portão de casa, no bairro Desvio Rizzo, por volta das 22h30min da quinta-feira (12). Ela morreu pouco depois das 7h desta sexta-feira (13) no Hospital Pompéia. Ainda não há certeza de qual produto foi usado contra a jovem e onde o autor confesso do crime adquiriu a substância.
Deivis reside há cerca de quatro meses em Caxias do Sul, praticamente o mesmo período em que Ariana estava na cidade tentando fugir dele. Conforme familiares da vítima, os dois haviam se conhecido em Boa Vista, capital de Roraima, no início de 2018. Ariana havia ingressado no Brasil como refugiada da Venezuela em dezembro de 2017.
Em pouco tempo, os dois passaram a morar juntos. No início, o relacionamento estava tranquilo. Mas conforme a relação foi avançando, Deivis demonstrava ciúme excessivo. Ariana, que estava grávida de uma menina de outro relacionamento, se queixou para familiares sobre outras atitudes que considerava ameaçadoras. Segundo familiares da jovem, Deivis costumava dormir com uma faca sob o travesseiro.
— Minha irmã não podia sair de casa, manter amizades. Ele tinha atitude estranha, diferente da nossa cultura — relembra Juswinda Ávila, 34, irmã de Ariana.
Por decisão de Ariana, o casal rompeu a relação em janeiro deste ano.
— Ela já não gostava de estar com ele. Ele não queria que ela trabalhasse. Não queria que ela saísse de casa. Depois do nascimento da filha, minha irmã decidiu terminar — conta Juswinda.
Ariana saiu de casa e foi morar com a irmã em Boa Vista. As ameaças não pararam e, com medo, a jovem pediu ajuda para o irmão Leonardo Figuera, que residia em Caxias do Sul.
— A Ariana denunciou ele na polícia em Roraima, mas depois retirou a denúncia. Ele forçou ela a tirar a denúncia. Minha irmã fez isso porque ele tinha ameaçado fazer mal aos filhos dela — diz Juswinda.
Para ajudar a irmã, Leonardo decidiu pagar passagem e levá-la para Caxias do Sul. Na mesma época, outros familiares da jovem já moravam na cidade serrana, na região do Desvio Rizzo. A jovem chegou na cidade em agosto. Deivis, porém, descobriu o paradeiro dela pelas redes sociais. Uma irmã adolescente de Ariana postou uma foto com a camiseta da escola, o que bastou para o ex-companheiro identificar a cidade.
— Ele veio um mês depois de ela ter chegado aqui. Daí estava a todo tempo atrás de nossa família. Ele morava primeiro na Rua Cristiano Ramos de Oliveira, a umas quadras da casa da minha mãe e depois ele mudou de lugar, mas não sabíamos onde estava. Só então soubemos que estava bem pertinho de nós (numa casa ao lado). De uma janela, ele via todo o movimento da casa de nossa mãe — descreve Juswinda.
A casa citada pela venezuelana é uma moradia cedida pelo motorista Valcedir Caglioni na Rua Cristiano Ramos de Oliveira. A obsessão de Deivis não dava trégua, segundo familiares da vítima. Ele frequentava o local de trabalho de Ariana em shopping apenas para ficar observando e fazia propostas para reatar. A jovem e a família dela ajudavam ele com comida. Deivis teria inclusive deixado de ser evangélico para ser testemunha de Jeová, para poder frequentar o mesmo salão da família da ex-companheira.
— Ele não ameaçava diretamente, dava presentes, falava que iria esperar na cidade para ela voltar com ele, porque iria casar, havia pego alianças para casar com ela. Vigiava a todo tempo, ia para minha casa, muitas vezes ajudei a dar comida para ele, considerava um amigo da família. A relação terminou, mas uma pessoa pode ficar com amizade mas não pode ninguém a viver com você — relembra Juswinda.
Fonte. ZH GAUCHA
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