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Com nova política externa, custos de viagens de chanceler saltam 9,5 vezes

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Os gastos com viagens internacionais do chanceler do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Mauro Vieira, são cerca de 9,5 vezes maior que as despesas realizadas por Ernesto Araújo, primeiro ministro das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro (PL). Os valores, que se referem aos primeiros seis meses de cada governo, foram extraídos do Portal da Transparência e corrigidos com base no IPCA.

De acordo com levantamento do Metrópoles, Vieira utilizou, no primeiro semestre de governo Lula, R$ 784 mil (R$ 792,9 mil, em valores atualizados pela inflação) em trechos internacionais. Já Araújo acumulou R$ 64 mil (R$ 83 mil, com atualização pelo IPCA) no mesmo espaço de tempo da gestão bolsonarista.

Segundo o ministério, os gastos espelham um reposicionamento do país no cenário internacional, em oposição à política de isolamento empreendida por Bolsonaro. Ao Metrópoles, o Itamaraty afirmou que, entre sua posse e junho de 2023, o embaixador Mauro Vieira “manteve 113 reuniões de alto nível em Brasília e no exterior com chanceleres, chefes de estado e de governo e altos representantes de organismos internacionais”.

Além disso, a pasta ressaltou que o ministro acompanhou, ainda, praticamente todas as viagens e encontros bilaterais do presidente da República. “No primeiro semestre de gestão, o presidente Lula encontrou-se com chefes de estado e de governo de 39 países diferentes”, completa.

Retomada de relações

Os gastos de Vieira se dividem entre diárias e passagens aéreas contratadas em viagens a 21 países, se dividindo entre América, Europa, África e Ásia. No que se refere ao governo anterior, os gastos para a mesma finalidade e no mesmo período se limitaram a 13 nações da América, Ásia e Europa.

No período de janeiro a junho de 2023, o trecho mais oneroso do atual chanceler se refere à viagem à China, em abril. Com valor de R$ 165 mil (R$ 166,5 mil em valores atualizados), os gastos se referem principalmente às despesas com passagens aéreas entre Brasília e Pequim, uma distância de quase 17 mil quilômetros.

Na viagem, o chanceler acompanhou Lula em agendas com autoridades como o presidente da China, Xi Jinping. A ida ao país asiático resultou na assinatura de acordos bilaterais, entre eles, o que cria um grupo de trabalho focado na facilitação do comércio entre os ministérios das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio dos dois países.

 

Na sequência, constam ainda gastos de viagem à República Dominicana, no fim de março deste ano, quando Vieira compareceu à Cúpula Ibero-Americana, realizada em Santo Domingo, ao custo de R$ 131 mil (R$ 134 mil em valores atualizados).

“Pária internacional”

O governo Lula tem apostado na diplomacia para restabelecer vínculos com aliados estratégicos e revigorar a imagem do Brasil no exterior. O número de idas do petista a outras nações já é maior do que o registrado em todo o primeiro ano do governo de Bolsonaro.

O isolamento empreendido por Bolsonaro era compartilhado pelo seu primeiro chanceler. Ernesto Araújo deixou o cargo após pressão do Congresso Nacional, uma vez que mantinha discurso contrário à China e à agenda que ele classificava como “globalista”. Ele foi susbtituído em abril de 2021 por Carlos França, que adotou um discurso mais “globalista”.

Ainda no cargo, Ernesto Araújo chegou a afirmar que se a atuação da diplomacia brasileira “faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”.

Por Metropoles Mateus Salomão
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