O caso aconteceu em Porto Velho durante a última semana e ao g1, João Cordeiro contou que pratica pesca esportiva há décadas e essa foi uma das situações mais inusitadas e com certeza, a mais dolorosa que ele já passou.
“Doeu demais. A primeira coisa que eu tentei fazer foi quebrar o ferrão, porque se se o peixe começa a se debater lá com um ferrão grudado na minha mão, eu ia sangrar mais ainda, ia machucar mais ainda”, comentou.
João diz que geralmente usa o mandi como isca para pegar pirararas, mas não retira o esporão na chance de não precisar e devolver o animal com vida para a água. Sempre funcionou bem, até o dia do acidente.
“Nesse dia eu tinha pegado bastante. Aí quando eu quando eu fui pegar um no balde, ele se debateu e entrou entrou bem na palma da minha mão com ferrão e tudo”, lembra.
Como estava bem longe de casa e sozinho, João contou que decidiu retirar o ferrão. Nesse momento, o pescador revelou que começou a sentir a mão ficando dormente.
Pescador retira “esporão” do mandi cravado na palma da mão em RO — Foto: João Cordeiro/Arquivo Pessoal
No entanto, após o episódio de dor e com a mão recuperada, o pescador já retomou as atividades e inclusive já pescou uma pirarara utilizando um mandi como isca.
João Cordeiro pesca pirarara no rio Madeira — Foto: João Cordeiro/Arquivo Pessoal
O que é um mandi?
O mandi é um peixe de couro de água doce pertencente ao grupo dos bagres. Ele pode ser encontrado em diversas bacias espalhadas pelo Brasil, sobretudo na Amazônica.
Mandi — Foto: Ely Venâncio/ TG
Próximo das nadadeiras e peitoral, o peixe possui três “espinhos” com pequenas serrinhas que podem perfurar a pele e causar lesões. De acordo com o biólogo Flávio Terassini, os danos que o mandi causam são similares ao da raia.
“Eles possuem aquela secreção que é aquela gosma de deslizar melhor na água. Essa secreção possui muitas bactérias que ao entrar em contato com o oxigênio fora da água, causa muita muita dor. Isso pode infeccionar, pode necrosar o local”, explica.
Além disso, o biólogo revela que as características do mandi podem classificar ele como um animal peçonhento.
“Próximo a Barbatana, esses peixes produzem um veneno que é pra poder se defender de predadores”, diz Flávio.
O que não fazer em caso de acidente com o mandi?
Por ser muito comum acidente com mandis e bagres, existem várias teorias populares de como resolver ou amenizar o problema. No entanto, Flávio Terassini ressalta que a maioria das ideias são prejudiciais. O problema não se resolve com:
- Urinar em cima do ferimento (as bactérias presentes na urina podem infecionar o local e piorar o quadro),
- arrancar o olho do peixe e esfregar no local ou
- passar a banha do peixe na ferida.
A opção mais indicada é que, em casos de acidente com o animal, a pessoa procure ajuda médica.
Esporão do mandi — Foto: João Cordeiro/Arquivo Pessoal
Por Jaíne Quele Cruz, g1 RO