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Acidentes

Obra do metrô desmorona em São Paulo e interdita Marginal Tietê

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Não há vítimas do incidente; secretário de Transportes Metropolitanos afirma que houve rompimento de esgoto na região, na qual passará a Linha 6-Laranja do metrô

Um acidente em uma obra do metrô em São Paulo fez com que um pedaço da Marginal Tietê, uma das principais vias da capital, desmoronasse na manhã desta terça-feira (1º).

A Sala de Imprensa da Polícia Militar informou que o Corpo de Bombeiros foi acionado às 08h50 para o desmoronamento. Não há registro de vítimas.

Segundo a PM, o acidente aconteceu na altura da Avenida Otaviano Alves de Lima, número 10 [veja mapa abaixo]. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que duas pistas da Marginal Tietê sentido Ayrton Senna foram liberadas parcialmente, com controle de tráfego no local.

No início da tarde desta terça, o secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, Paulo Galli, disse que não houve perfuração por parte do “tatuzão”, escavadeira que abre o caminho para o túnel em que o trem passará, conforme havia sido anunciado anteriormente pelo Corpo de Bombeiros.

“Houve rompimento de esgoto que passa no sentido da Marginal Tietê, no final na embocadura do túnel da linha 6. Foi a galeria de esgoto, não é o rio, não foi um choque do tatuzão com a rede, não é isso”, declarou Galli.

“A água inundou um estacionamento que já existia embaixo da Marginal Tietê, e retornou enchendo também o túnel que seria para a Linha 6 do metrô. Não sabemos a causa, vai ser investigado. Vamos trazer auditoria externa”, afirmou o secretário.

A concessionária Acciona, que constrói a linha 6-Laranja do metrô, endossou a informação de que o acidente ocorreu por um “rompimento de uma coletora de esgoto próximo ao VSE Aquinos (Poço de Ventilação e Saída de Emergência)”, e afirmou que equipes e demais técnicos “estão no local para apurar os fatos”. “Todas as medidas de contingência já foram tomadas”, completaram.

Todos os funcionários conseguiram sair do local, mas duas pessoas que tiveram contato com a água contaminada foram socorridas “por precaução”, disse o Corpo de Bombeiros.

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que o incidente aconteceu no Poço de Ventilação da Linha-6 Laranja do metrô, e que todo o perímetro foi isolado. Uma equipe foi enviada para acompanhar a apuração das causas da ocorrência, e também serão calculadas a “extensão dos danos à obra e às vias locais”, acrescentou a pasta.

A Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente informou à CNN, por telefone, que técnicos do Departamento de Águas e Energia Elétrica estão no local do acidente. Segundo a pasta, a avaliação preliminar não constata que o desmoronamento tenha afetado o rio Tietê.

Em uma publicação nas redes sociais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reafirmou a informação de que não existem vítimas do acidente e disse ter determinado “apuração imediata das causas e elaboração de plano da concessionária responsável pela obra, junto à prefeitura da capital, para normalização do tráfego da Marginal rapidamente”.

“E que as obras possam ser reiniciadas, com segurança, o mais breve possível”, completou.

 

A Marginal Tietê, construída nos anos 1960, é uma das principais vias expressas da capital paulista, ligando as zonas Norte, Oeste, Leste e Central de São Paulo.

Quem passa pelo sentido Ayrton Senna também chega às rodovias Dutra e Fernão Dias; pelo outro lado, há acesso à rodovia dos Bandeirantes, Anhanguera e Presidente Castello Branco.

Instabilidade das obras pode ter gerado desmoronamento, diz engenheiro

Em entrevista à CNN, o engenheiro civil Paulo Ferreira, presidente do Instituto de Engenharia, avaliou que a vibração causada pelo tatuzão pode ter gerado uma instabilidade na galeria de esgoto e, consequentemente, uma ruptura e vazamento da água.

“Houve uma interferência das obras do metro em uma galeria de grande diâmetro que corre paralela à marginal direita do Rio Tietê, e que leva o esgoto de uma parte da região Norte para a estação de Barueri”, disse.

“O que parece ter acontecido é que, com as obras, houve uma movimentação do solo que provocou uma ruptura, lançou esse esgoto e fez essa cratera. Essa instabilidade foi provocada certamente pela intervenção feita no local”, analisou.

Segundo o engenheiro, agora é necessário escoar a água do esgoto de volta ao rio, aumentar a vala para iniciar os reparos e estabilizar a região para prosseguir com a recuperação deste trecho da Marginal Tietê — um trabalho que, com celeridade, deve durar cerca de 2 meses, afirmou Ferreira.

Linha 6-Laranja

O projeto da Linha 6-Laranja, também conhecida como Linha Universidade por ligar diversas instituições de ensino superior da capital, possui 15 km de extensão e contará com 15 estações, com conexão entre os bairros da Brasilândia, na zona norte, e a estação São Joaquim, na região central da cidade de São Paulo.

As estações previstas são Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Sesc Pompeia, Perdizes, PUC-Cardoso de Almeida, Angélica/Pacaembu, Higienópolis/Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim.

Previsão final da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, de acordo com os planejamentos do governo do estado / Reprodução/Governo de SP

A construção da Linha 6-Laranja teve início em janeiro de 2015 primeiramente com a concessionária Move SP — formada pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.

Em setembro de 2016, o consórcio informou a paralisação integral das obras civis, alegando dificuldades na obtenção de financiamento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em fevereiro de 2020, o grupo espanhol Acciona adquiriu do consórcio Move São Paulo os direitos na parceria público privada (PPP) para a construção, operação e manutenção da linha.

“Até o momento, a Linha 6-Laranja é a maior obra de infraestrutura do país e de parceria público-privada, com R$ 13 bilhões de investimento privado”, disse João Doria no dia do anúncio da nova concessão.

Crédito: Reprodução/CNN Brasil (1.fev.2022)

Julyanne JucáCarolina FigueiredoÁlvaro GadelhaGiovanna Galvani da CNN

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