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Política

Jornalista analisa cenário político em Rondônia em 2022

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Jornalista analisa cenário político em Rondônia em 2022

                                                                                                                         Divulgação

Autor de um livro lançado recentemente, o comunicador aponta algumas tendências, mas reconhece que a situação ainda pode mudar, principalmente porque o favorito para governador, Ivo Cassol, ainda não sabe se terá sua candidatura registrada.

Dejanir Haverroth*

A corrida para o Governo de Rondônia em 2022 começa a se desenhar e os eleitores se dividem por regiões e por grupos políticos. Percorri a maioria dos municípios do Estado de Rondônia nos últimos 20 dias colhendo a opinião dos eleitores através de pesquisas qualitativas e quantitativas que serão divulgadas na próxima semana.

Antes de começar, é bom esclarecer que em Rondônia os conceitos de “direita”, “centrão”, “Progressistas” e “esquerda” não se encaixam nos partidos que determinam esses conceitos no contexto nacional. Isso acontece em Rondônia por conta das atividades econômicas, da história, da diversidade e da cultura regional. Aliás, essa é uma longa história que podemos abordar em outro momento.

Pelo menos quatro grupos começam a se formar, com possibilidade de surgirem mais dois. Vamos avaliar de forma independente cada um desses grupos, e depois veremos as possíveis composições que se formarão até as convenções, podendo, a exemplo da política nacional, haver uma polarização ainda no primeiro turno das eleições de 2022.

Vamos começar apresentando os grupos:

O ex-governador Ivo Cassol manifesta sua intensão de concorrer ao governo e conta com o apoio do PP e de outros três ou quatro partidos menores. Acontece que Ivo Cassol, segundo análise de alguns juristas, está inelegível para as próximas eleições.

O Senador e também ex-governador Confucio Moura é tido como candidatíssimo pelo grupo liderado pelo MDB e outros partidos progressistas e de centro, mas não confirma e nem desmente a intenção.

O Senador Marcos Rogério, do DEM, busca viabilizar uma candidatura apoiada pela ala bolsonarista, por Expedito Junior (PSDB) e outros partidos, como o PSD. Expedito Junior deve buscar uma vaga ao Senado.

O atual governador, Marcos Rocha (PSL), decidiu tirar os pés do chão nessa reta final de mandato e buscar reeleição.

A esquerda se organiza para eleger deputados e, se for viável, tentar vaga ao Senado. É possível que esse grupo lance candidatura ao governo para dar palanque ao projeto nacional da esquerda no Estado.

Caso haja um “racha” no PSDB, o partido pode abandonar o projeto de Expedito e Marcos Rogério, e compor com outros partidos menores, uma via ao Senado e ao governo.

Essas seis possibilidades de candidatura ao governo de Rondônia existem, mas é pouco provável que aconteça. Se acontecer, os possíveis resultados dependerão das configurações nacionais e dos manifestos de apoios. Como dissemos, neste momento a política no Brasil está polarizada entre Lula e Bolsonaro. Se continuar assim, o resultado daqui vai depender do índice de popularidade de Bolsonaro, já que Rondônia se mostrou bolsonarista nas ultimas eleições.

Segundo as pesquisas do Instituto IHPEC, realizadas na ultima quinzena de julho/2022, Lula e Bolsonaro estão tecnicamente empatados em Rondônia, com uma leve vantagem de 5% para Bolsonaro (43% de Bolsonaro a 38% de Lula) . Na rejeição também seguem tecnicamente empatados, com cerca de 40% cada.

Dentre os nomes que ensaiam lançar candidatura ao governo, três deles almejam o apoio de Bolsonaro: Ivo Cassol (PP), Marcos Rogério (DEM) e Marcos Rocha (PSL). Destes, o PSL terá mais recursos financeiros para montar uma estrutura de campanha, mas o governador Marcos Rocha não construiu um capital político. Nas pesquisas de opinião, neste momento, é o “lanterna” da disputa dentre os bolsonaristas. Destes, quem tem mais voto é Ivo Cassol, mas seu índice, embora alto, é estável, com pouca chance de crescimento. Marcos Rogério, embora hoje tenha menos voto que Cassol e tenha conquistado, também, um bom índice de rejeição, é o nome, dentre os três, que tem mais chance de crescimento.

Do outro lado, o PT poderá reivindicar sozinho o apoio de Lula e agregar alguns partidos menores para apoio. Embora o partido tenha uma boa fatia do recurso público de campanha, esse recurso não virá para Rondônia com abundância, já que o partido tem pouca representatividade em mandatos por aqui.

O PSDB, caso “desmame” Expedito Junior, deverá seguir o caminho da terceira via nacional, apoiando o nome apontado pelo partido à presidência. Sem Expedito, o partido tem pouca penetração no interior do Estado, mas tem uma grande fatia dos votos da capital.

O MDB é o partido com mais chances de agregar lideranças e outros partidos em torno de um projeto político em Rondônia. Caso Confúcio lance candidatura ao governo, vai agregar a maior parte dos partidos que não se atrelaram à esquerda ou a direita, podendo ainda conquistar o apoio maciço dos progressistas.

TENDÊNCIAS E POLARIZAÇÃO ENTRE CONSERVADORES E PROGRESSISTAS

Conservadores – Caso se confirme a inadimplência de Ivo Cassol para concorrer, o senador Marcos Rogério deverá liderar a direita e o bolsonarismo nessa eleição, tendo Expedito Junior como candidato ao Senado. Se o PSDB não rachar, esse grupo se apresenta como o mais forte ao governo do Estado, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia. Isso, claro, se Bolsonaro se mantier na liderança e com prestígio entre os eleitores de Rondônia. Caso contrário, o projeto poderá sofrer um revés.

Uma vaga no segundo turno, neste caso, é garantida, e a vitória vai depender de diversos fatores, dentre eles o efeito Bolsonaro/Lula e a eleição, ou não, do senador e dos deputados do grupo.

Progressistas – existem pelo menos três possibilidades para os progressistas. A melhor delas é uma candidatura de Confúcio Moura pelo MDB, com Jesualdo Pires (PSB), ou Daniel Pereira (Solidariedade) ambos compondo as candidaturas a vice-governador ou Senado, dependendo de cada interesse. Um segundo turno é garantido para Confúcio, e a vitória também dependerá de vários fatores relacionados ao desenrolar da campanha no primeiro turno, tanto local como nacional.

Existe ainda a possibilidade de agregar o deputado Leo Moraes (podemos) compor ao Senado. Seguramente o PDT viria nesse grupo com candidaturas a deputados. Outra possibilidade, caso Confúcio não aceite o desafio, é lançar Jesualdo Pires (PSB) ao Governo, com apoio do MDB e dos demais partidos dessa aliança. Daniel Pereira e Leo Moraes também são nomes viáveis, caso haja essa polarização. Esse grupo, independente da configuração – com Confúcio, Jesualdo, Daniel ou Leo Moraes-, garante uma vaga no segundo turno.

Se não houver polarização no primeiro turno, com certeza haverá no segundo turno. Se diversos grupos lançarem candidaturas, é muito provável que apenas um dos grupos ligados a políticos bolsonaristas chegue ao segundo turno para enfrentar outro grupo, que deve agregar os progressistas. Neste caso os políticos de centro se ajuntarão de acordo com as conveniências, como sempre.

As chances de um confronto entre bolsonaristas no segundo turno é remoto. Isso acontecerá se duas coisas acontecerem: primeiro, se os progressistas e centrão não se organizarem; segundo, se Ivo Cassol viabilizar candidatura e Marcos Rogério também se candidatar. Na combinação desses dois fatores, um segundo turno poderá ocorrer com o confronto de Ivo Cassol e Marcos Rogério.

Para finalizar, vale lembrar que essa análise é baseada no momento político, podendo mudar de acordo com o movimento dos grupos políticos em consonância com os eleitores. Outros nomes novos poderão surgir no cenário, bem como esses, que estão em evidência, poderão cair. O bom da política é a sua dinâmica, se não, perderia a graça.

*Dejanir Haverroth é jornalista, pesquisador e Coach de inteligência Política.

Fonte: Folha do Sul

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