Polícia
Destruição de aviões, helicópteros e equipamentos: as ações de combate ao garimpo ilegal
A ação da força-tarefa do governo federal contra o garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, entrou na terceira fase, com a destruição de aviões, helicópteros dragas e equipamentos usados na extração ilegal de ouro. Em um voo de reconhecimento feito por agentes do Ibama, foi observada a presença de um acampamento de garimpeiros a menos de 15km de uma comunidade indígena isolada. A aldeia Moxihatëtëa, que vive sem nenhum contato com o mundo externo, é monitorada desde 2010 pela Funai.
Com o registro de ao menos 114 comunidades de indígenas isolados no Brasil, quase todas na Amazônia legal, o processo de reconhecimento, cadastro e monitoração desses grupos é regularmente realizado pela Funai. Como esses povos não têm contato com o exterior, acabam sendo mais suscetíveis a doenças trazidas de fora, como ressaltou, em nota, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, “É importante que os garimpeiros saiam logo dali. A presença deles traz um risco fatal aos isolados, por isso, aqueles que se recusarem a sair devem ser presos pela operação”, apontou a ministra.
A operação de liberação do território ianomâmi do garimpo não é responsável por essa proximidade com os isolados, disse ao Correio o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho. Segundo ele, a crise humanitária dos ianomamis é atribuída ao sucateamento da fiscalização dos órgãos ambientais nos últimos quatro anos, que teria possibilitado a explosão do garimpo, a contaminação dos rios e a escalada dos casos de malária que, apenas no período, somam mais 70 mil registros.
Terceira fase
A força-tarefa para expulsão dos garimpeiros da terra indígena ainda está longe de concluir sua missão, apontou Agostinho. Segundo ele, a enorme dimensão da região, com mais de 9 milhões de hectares, é uma das maiores dificuldades dos órgãos públicos. “Tem uma logística muito complicada”, pondera ele. Especialistas apontam que pode levar até seis meses para que a desocupação seja concluída.
Agostinho destaca que, na última sexta-feira, a operação entrou na terceira fase. Com o auxílio da Polícia Federal (PF), os agentes do Ibama iniciaram a destruição de máquinas e equipamentos deixados para trás pelos garimpeiros.
Na primeira fase, foi feito o bloqueio da logística dos garimpeiros, com interrupção do fornecimento de combustível usado pelas balsas que dragam o leito dos rios na busca pelo ouro. “Para tocar todas essas dragas é muito combustível que entrava dentro da reserva”, atesta Agostinho. Outra estratégia foi impedir o envio de alimentos para os pontos de garimpo, assim, com a falta de mantimentos e combustível, boa parte dos envolvidos optou por deixar o local.
Na segunda fase foram montados bloqueios em pontos estratégicos dos rios que cortam a região para impedir o retorno de embarcações com garimpeiros ou mantimentos. Os barcos vazios seguem autorizados a entrar na reserva, mas, na saída, todos os ocupantes são revistados e identificados. “A nossa barreira não é para impedir a saída deles, e, sim, para que eles não voltem.”
Agostinho diz que tem sido constante a apreensão de armas e munição nessas revistas. “Em quase todas as embarcações nós estamos encontrando armamentos. Essas pessoas são cadastradas e o armamento remetido às autoridades policiais”, disse o presidente do Ibama.
Para Rodrigo Agostinho, a operação foi pensada para evitar confrontos entre garimpeiros e agentes das forças federais de segurança ou com indígenas, mas, terminada a desocupação da área, as buscas vão prosseguir. Aqueles que resistirem em permanecer no território devem ser presos, alerta. “O que a gente está querendo é que eles saiam. Agora, a gente está percebendo que estão presentes cada vez mais nos pontos isolados.”
Por Correio Braziliense
(crédito: Divulgação IBAMA)
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