Saúde
Varíola do macaco: vírus nos testículos de primatas reforça possibilidade de transmissão sexual
OMS já admitiu possibilidade de transmissão sexual do vírus monkeypox
DIVULGAÇÃO/NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES
Assim como os humanos, primatas também são vítimas do vírus monkeypox, causador da varíola do macaco. E foi nestes animais que cientistas do USAMRIID (Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército) dos EUA encontraram o vírus nos testículos, reforçando a possibilidade já aventada no surto atual de que a transmissão pode ocorrer também por relações sexuais.
O artigo foi publicado nesta segunda-feira (17) na revista científica Nature Microbiology.
“Nós detectamos o vírus da varíola do macaco em células intersticiais e túbulos seminíferos dos testículos, bem como no lúmen do epidídimo, que são os locais de produção e maturação de espermatozóides.”
Em junho e julho, pesquisadores da Itália e da Espanha já haviam detectado o DNA do vírus monkeypox no sêmen de pacientes infectados. A OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a admitir a possibilidade de infecção pelo sexo.
“A compreensão da biologia da infecção dos testículos por varíola do macaco e da eliminação do vírus no sêmen tem implicações substanciais para a saúde pública”, afirmam os pesquisadores.
Usando análise histológica para analisar microscopicamente o curso da doença em amostras de tecido, a equipe do USAMRIID descobriu que, embora o vírus da varíola do macaco tenha sido eliminado da maioria dos órgãos – e de lesões cutâneas curadas – durante a convalescença, ele pode ser detectado por até 37 dias após a exposição no testículos dos macacos.
Os pesquisadores analisaram tecidos de diversas partes dos corpos dos primatas e descobriram que o vírus foi eliminado da maioria dos órgãos e tecidos — e de lesões de pele curadas — durante a fase de convalescença, mas foi detectado nos testículos por até 37 dias após a exposição.
“Nossos dados fornecem evidências de que o vírus da varíola do macaco pode ser derramado no sêmen durante os estágios agudos e de convalescença da doença em macacos comedores de caranguejo [a espécie usada no estudo]”, complementou Zeng, ao salientar que “parece plausível, portanto, que a transmissão humana em pacientes do sexo masculino convalescentes possa ocorrer via sêmen.”
Os autores salientam que, embora os achados sejam o primeiro passo para alguns entendimentos mais aprofundados sobre a doença, são necessários mais estudos sobre essa possível transmissão do vírus monkeypox no sêmen.
Um dos motivos é porque o comportamento da doença nos macacos usados no estudo se mostrou diferente do observado na maioria dos humanos.
“Os animais demonstram uma doença mais grave e letal do que a observada em humanos, e o período de incubação nos animais é menor. Além disso, este estudo utilizou amostras de animais expostos a isolados virais diferentes da cepa atualmente circulante”, observam no comunicado.
Por precaução, autoridades sanitárias recomendam que homens infectados pelo vírus monkeypox utilizem preservativos nas relações sexuais de dois a três meses após estarem curados.
CO atual surto da varíola do macaco (monkeypox) começou em maio deste ano, e de lá para cá já são quase 25 mil infectados, em 83 países, de acordo com levantamento em tempo real da iniciativa Global Health. Muitas características já foram descobertas sobre o vírus, um velho conhecid
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