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Onde estão os extraterrestres? Conheça o Paradoxo de Fermi
Onde está todo mundo??? Com essa simples pergunta, o famoso físico italiano Enrico Fermi intrigou seus colegas de trabalho e levantou uma questão fundamental que até hoje norteia a busca por vida inteligente fora da Terra. Essa história começa em 1950, quando Fermi e mais três colegas caminhavam para o almoço. Eles conversavam sobre uma charge da época, culpando alienígenas pelo desaparecimento de latas de lixo da cidade. O assunto evoluiu para as chances que os humanos tinham de avistar naves extraterrestres. De repente, Fermi para e pergunta aos outros: onde está todo mundo?
Fermi era conhecido por sua habilidade em calcular boas estimativas a partir de dados mínimos. E durante aquela conversa descontraída com amigos ele rapidamente desenvolveu todo um raciocínio para tentar responder aquela questão de forma estatística.
Considerando que, apenas em nossa galáxia, existem algumas centenas de bilhões de estrelas e que boa parte delas podem ter planetas com condições ideais para o desenvolvimento da vida, existe uma grande probabilidade de que, em alguns destes planetas, a vida evoluiu para formas inteligentes e tecnológicas como na Terra.
E considerando que a civilização humana só se tornou tecnológica muito recentemente, certamente muitas dessas civilizações extraterrestres seriam muito mais desenvolvidas que nós. Tão desenvolvidas que poderiam viajar pela galáxia, explorando novos mundos e novas civilizações. Então, onde estão todos eles? Por que não há presença de alienígenas nem de seus artefatos aqui na Terra? Por que, até hoje, não recebemos nenhum sinal de civilizações extraterrestres em nossos radiotelescópios? Eis o “Paradoxo de Fermi”.
Responder essas questões não é nada simples, mas a gente tenta. Uma das explicações é que, ao longo do caminho do desenvolvimento da vida em um planeta até gerar civilizações tecnologicamente avançadas, a vida precisa superar algumas barreiras evolutivas que funcionam como filtros.
O próprio surgimento da vida já é um filtro, já que a gente sabe que a vida precisa de uma série de condições favoráveis para surgir. A pressão evolutiva na dose certa para se criar seres inteligentes, o desenvolvimento da comunicação e da escrita são outros filtros importantes.
Assista ao vídeo do Olhar Digital News:
No entanto, se imaginarmos que a Terra é um planeta habitável típico, mesmo que esses filtros eliminem boa parte das chances, ainda haveria um grande número de civilizações inteligentes avançadas, dada a enorme quantidade de planetas semelhantes ao nosso. Então, talvez a humanidade esteja no pioneirismo da evolução. Seríamos uma das primeiras civilizações a se desenvolver tecnologicamente. Ou talvez exista um Grande Filtro que impede que a imensa maioria das civilizações do Universo alcancem a tecnologia para se comunicar ou viajar pelo Espaço.
A hipótese do Grande Filtro considera duas possibilidades: a primeira é que a humanidade é rara porque somos uma das poucas civilizações que conseguiram passar por esse filtro, que poderia ser o surgimento da vida ou o desenvolvimento do raciocínio lógico, por exemplo.
A outra possibilidade é que ainda não passamos por esse Grande Filtro, o que nos levaria à conclusão que a gente tá lascado! Essa hipótese considera que a vida no Universo normalmente não evolui muito além do que já evoluímos, porque neste ponto, ocorre algo que impede que ela continue.
Seria normal questionar por que a humanidade estaria próxima desse grande filtro. O principal motivo é que não conseguimos detectar sinais de rádio nem outro tipo de tecnologia alienígena avançada, coisa que nós humanos já somos capazes de produzir. Se outras civilizações alienígenas que alcançassem esse mesmo estágio de desenvolvimento prosperassem por muito tempo, certamente estaríamos detectando seus sinais. Como não estamos detectando, isso pode significar as civilizações que desenvolveram tecnologias como as nossas foram extintas rapidamente.
Nesta hipótese, o Grande Filtro poderia ser, por exemplo, a descoberta da energia nuclear, que tem um enorme potencial autodestrutivo para qualquer civilização. Isso seria uma trágica coincidência, já que Enrico Fermi foi um físico nuclear, famoso por suas contribuições no desenvolvimento da bomba atômica.
Para tentar quantificar essas hipóteses, Frank Drake criou uma fórmula que calcula o número de civilizações extraterrestres na Via Láctea com as quais poderíamos ter chances de estabelecer comunicação.
A Equação de Drake depende do número de estrelas da nossa galáxia, da fração dessas estrelas que possuem um sistema planetário, do número de planetas num sistema capaz de abrigar a vida, da fração deles onde a vida realmente surge, da fração dos planetas habitados onde a vida se torna inteligente, da fração destes em que a civilização se torna tecnologicamente avançada e por fim, depende da fração do tempo de vida de um planeta em que exista uma civilização avançada.
Só que algumas destas incógnitas ainda são muito subjetivas, e pequenas alterações em seus valores podem implicar em grandes variações nos resultados. Carl Sagan, num dos episódios de Cosmos, propôs alguns valores para essa equação, com alguma variação apenas no último parâmetro. Sagan concluiu que, numa abordagem pessimista, o número de civilizações como a nossa na Via Láctea talvez não passasse de 10. Mas sendo otimista, talvez existam centenas de milhões de civilizações avançadas na nossa galáxia. Então, onde estão os alienígenas?
A melhor forma de resolver o Paradoxo de Fermi seria encontrar evidências conclusivas da existência de civilizações alienígenas avançadas. Mas com essa questão, Fermi também nos alerta para a importância de preservarmos nosso planeta e a vida que aqui existe. Porque talvez essa vida seja muito mais rara do que a gente imagina.
Por Marcelo Zurita, editado por André Lucena por olhardigita
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