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Doenças incomuns avançam nos últimos meses e deixam OMS em alerta; saiba mais sobre elas

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Painel em encontro da OMS fala do ‘aumento das ameaças sanitárias globais’

DENIS BALIBOUSE/REUTERS – 22.5.2022

A Covid-19 esteve no centro das atenções da OMS (Organização Mundial da Saúde) nos últimos dois anos, mas recentemente outras duas doenças incomuns foram identificadas em diversos países e estão no radar dos especialistas da agência: uma hepatite de origem desconhecida que atinge crianças e adolescentes e a varíola do macaco.

Hepatite misteriosa

Os casos de hepatite misteriosa já foram registrados no Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, Israel e em outros países. Até a última semana, eram mais de 400 pacientes.

Apesar de haver pacientes desde o fim do ano passado, a doença começou a preocupar no mês passado, quando mais diagnósticos semelhantes surgiram.

A principal característica em comum a todos os pacientes é que eles não apresentam infecção por nenhum dos cinco vírus causadores de hepatite nem tiveram exposição em comum a algum agente tóxico capaz de desencadear a doença.

Os principais sintomas registrados em hospitais de todo o mundo são icterícia (pele e parte branca dos olhos amareladas), que se dá pela incapacidade do fígado no processamento ideal de glóbulos vermelhos do sangue, e manifestações gastrointestinais, como dor abdominal, vômito, diarreia e náusea.

Outros sinais de doença aguda do fígado podem incluir:

• febre
• cansaço
• perda de apetite
• dor abdominal
• urina escura
• fezes de cor clara
• dor nas articulações

Os quadros costumam evoluir bem, mas um pequeno percentual dos pacientes teve complicações e precisou de transplante de fígado.

Onde a hepatite aguda em crianças e adolescentes já foi detectada:

• Reino Unido
• Estados Unidos
• Canadá
• Espanha
• França
• Áustria
• Alemanha
• Polônia
• Irlanda
• Holanda
• Noruega
• Dinamarca
• Itália
• Romênia
• Bélgica
• Israel
• Japão
• Argentina
• Panamá
• Indonésia

As investigações epidemiológicas e laboratoriais sugerem que pode haver uma relação entre a hepatite e a infecção pelo adenovírus 41F, causador de gastroenterite em crianças, mas sem histórico de provocar lesões no fígado, segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos.

Ocorre que nem todos os pacientes que desenvolveram a doença tiveram exame positivo para o adenovírus 41F. Alguns tinham sido infectados pelo coronavírus, causador da Covid-19.

“Neste momento, a causa das doenças relatadas nessas crianças ainda é desconhecida. Embora o adenovírus tenha sido detectado em algumas crianças, não sabemos se é a causa da doença. Não sabemos e estamos investigando o papel de outros fatores nessa doença, como a exposição a toxinas ou outras infecções que as crianças possam ter”, informa o CDC.

A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) no continente americano, esclarece que algumas infecções graves por adenovírus provocaram hepatite em pacientes imunocomprometidos ou transplantados, por exemplo.

“No entanto, essas crianças não correspondem a essa descrição – elas eram previamente saudáveis.”

A OMS ressalta que existem mais de 50 tipos de adenovírus que podem causar doenças em humanos e que o 41 geralmente provoca diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios.

“Fatores como aumento da suscetibilidade entre crianças pequenas após um nível mais baixo de circulação de adenovírus durante a pandemia de Covid-19, o potencial surgimento de um novo adenovírus, bem como a coinfecção por Sars-CoV-2, precisam ser mais investigados.”

A organização reforça que não há evidências que suportem a relação com as vacinas contra a Covid-19.

As hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas Covid-19 não são suportadas atualmente, pois a grande maioria das crianças afetadas não recebeu a vacinação contra a Covid-19.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

A entidade avalia que não há informações suficientes para definir se há um surto. Por essa razão, considera o risco global baixo.

“É possível que estejamos tomando conhecimento de uma situação que existia antes, mas que passou despercebida porque eram poucos os casos”, acrescenta.

Por não se saber exatamente a origem, os órgãos sanitários não têm como definir medidas de proteção. Sabe-se que são efetivos contra quaisquer vírus os cuidados de higiene, como lavar as mãos, manter ambientes limpos e ter cuidado ao tossir ou espirrar, além de evitar o contato próximo com pessoas doentes.

Varíola do macaco

No começo deste mês, uma doença endêmica (comumente registrada) em alguns países da África começou a aparecer em pacientes na Europa sem qualquer histórico de viagem ao continente.

Em menos de 20 dias, o número de casos confirmados de varíola do macaco já havia atingido 164, com outras dezenas de suspeitas em 16 países. Os mais afetados são os europeus.

Veja onde a doença já foi detectada:

• Inglaterra: 56
• Espanha: 41
• Portugal: 37
• Países Baixos: 6
• Canadá: 5
• Itália: 4
• Alemanha: 4
• Bélgica: 3
• Austrália: 2
• Estados Unidos: 2
• Dinamarca: 1
• França: 1
• Suécia: 1
• Áustria: 1
• Suíça: 1
• Israel: 1

Além destes, também há dezenas de casos prováveis, incluindo o de um homem na Argentina que havia retornado de viagem da Espanha. A Grécia também investiga um caso suspeito.

O primeiro infectado com o vírus da varíola do macaco – chamado de monkeypox em inglês – fora do continente africano foi detectado no Reino Unido. Ele havia viajado à Nigéria, mas autoridades locais dizem que o paciente não tem conexão com nenhum dos outros casos.

O vírus da varíola do macaco foi descoberto em 1958, quando animais mantidos para pesquisa apresentaram sintomas de doença semelhante à varíola.

O primeiro caso em humanos foi documentado somente em 1970, na República Democrática do Congo. Acredita-se que os hospedeiros naturais do vírus sejam roedores, e não primatas.

A varíola do macaco é considerada endêmica (ocorre com frequência) no Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana (identificado apenas em animais), Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa, e Sudão do Sul.

O maior surto da doença até então havia sido registrado nos Estados Unidos, em 2003, quando roedores importados da África transmitiram o vírus para cachorros, que passaram para humanos. Trinta e cinco casos foram confirmados em seis estados. Não houve mortes.

A UKHSA (Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido) ressalta que “o vírus geralmente não se espalha facilmente entre as pessoas”, motivo pelo qual se mantém baixo o nível de alerta em relação à doença.

Entretanto, Susan Hopkins, consultora médica chefe da agência, afirmou que se espera um aumento do número de casos.

“Antecipamos que mais casos seriam detectados por meio de nossa busca ativa de casos nos serviços do NHS [Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido] e maior vigilância entre os profissionais de saúde. Acreditamos que esse aumento continue nos próximos dias e que mais casos sejam identificados na comunidade em geral. Além disso, estamos recebendo relatórios de outros casos identificados em outros países do mundo.”

O CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos ressalta que a transmissão entre humanos se dá por meio de contato pessoal prolongado.

A via respiratória é uma das formas de passar, por meio de gotículas, o vírus. Todavia, é necessário um contato pessoal prolongado para que isso aconteça.

Contato com fluidos corporais e diretamente com as lesões na pele também são maneiras de se infectar. A agência britânica lista ainda o contato com roupas ou lençóis usados por uma pessoa que tenha a varíola do macaco.

A varíola do macaco pode se manifestar inicialmente com sintomas que se assemelham a uma gripe, como:

• Cansaço
• Febre de início súbito (acima de 38,5°C)
• Dores musculares
• Dor nas costas
• Dor de cabeça
• Fraqueza
• Inchaço dos linfonodos (principalmente no pescoço)

As tradicionais feridas na pele costumam ocorrer alguns dias após o início da febre, mas nem todos os pacientes podem apresentá-las.

Do R7

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