Polícia
Quem são os grupos armados que estão invadindo e destruindo fazendas em Rondônia?
Invasão, tortura, destruição e roubo. Essa tem sido a dura rotina vivida por produtores rurais do estado de Rondônia, um estado que está abrigando uma nova modalidade de conflito agrário encabeçado por grupos considerados extremamente perigosos e preparados.
No dia 21 de abril, a Fazenda Santa Carmem, a 190 quilômetros de Porto Velho (RO), foi invadida por cerca de 40 homens fortemente armados. Relatos de funcionários mostram que o grupo agiu com muita violência, inclusive com técnicas de tortura, e destruiu veículos e alojamentos, fugindo levando outros veículos e tratores.
Segundo o secretário de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia, José Hélio Cysneiros Pachá, das cerca de 90 invasões em curso no estado atualmente, cerca de 30 são de grupos mais violentos.
Na Fazenda Santa Carmen, pichações indicam que a invasão foi feita A pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), um movimento que tem predileção pela guerrilha armada. “Com a pandemia, foi recomendado que se suspendesse a reintegração de posse. Atualmente, essas atuações criminosas estão usando o pano de fundo de movimentos sociais para causar terror nas propriedades. Eles entram, destroem as propriedades e retornam para essas terras em litígio, onde a Polícia Militar não pode entrar”, explica.
Segundo ele, quando esses grupos tomam posse da terra, eles acabam destruindo as áreas de preservação. “Quando conseguimos entrar nessas áreas de litígio, encontramos veículos roubados, fugitivos, também temos informações da prática de narcotráfico, armas de grosso calibre e outros crimes”, disse.
Segundo o secretário, o grupo age de forma organizada semelhante a grandes quadrilhas das capitais, incluindo a prática conhecida como ‘tribunal do crime’, onde possíveis desertores podem ser julgados e condenados até à morte por sua deslealdade.
Outros casos
O caso da última semana está longe de ser o primeiro em Rondônia. A fazenda Novo Brasil foi e continua invadida há alguns meses e há relato de assassinatos de policiais na região, supostamente pelo mesmo grupo criminoso.
Na propriedade Nossa Senhora Aparecida, em Chupinguaia, o produtor que está lá desde 1991, relata que houve muita destruição e invasão desde agosto do ano passado. A propriedade permanece invadida.
“É uma coisa inexplicável. Só quem vive sabe o que tá acontecendo. Você está produzindo, plantando e colhendo, fazendo de tudo para melhorar o país e, de repente, do dia pra noite um bando de gente entra na propriedade, acaba com tudo ,queima a casa, o curral, o maquinário. Impede de produzir, cortam as pontes para que não se possa escoar a produção”, relata o proprietário Antônio Afonso, que diz que a sensação é de impotência: “Estamos à mercê desses bandidos”.
Por: Fabio Santos
Do Canal Rural
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