TUDO AQUI – A súbita e inesperada renúncia do prefeito Thiago Leite Flores Pereira à reeleição pelo Partido Republicano, através de depoimento (espécie de carta)postada hoje, dia 28, em sua rede social, surpreendeu o meio político de Ariquemes e do estado.
Eleito prefeito em 2016 pelo então PMDB, o delegado Flores vem de uma trajetória política iniciada pelas mãos do então governador Confúcio Moura, em cujo governo ocupou várias funções. Uma delas, foi na Secretária de Estado da Saúde, onde a presença de um delegado tinha o simbolismo de evitar corrupção. Mas não demorou.
Ao final do governo, candidatou-se a deputado federal. Não se elegeu mas teve votação expressiva e plantou a semente da eleição a prefeito da terceira maior cidade de Rondônia. Mesmo não sendo e nem tendo família em Ariquemes, onde atuou como delegado. Fato lembrado na Carta Renúncia.
Flores é apontado como um prefeito bem avaliado e nome forte para o segundo mandato de prefeito. Principalmente por contar com apoio do deputado estadual e próximo presidente da Assembleia Legislativa, Alex Redano, que deveria indicar sua mulher, a vereadora Carla Redano, do Partido Patriota, como vice-prefeita, até onde se sabe.
As informações dão conta da insistência de Alex Redano, da equipe de trabalho, amigos e partidários, durante todo o dia de hoje, para que reconsiderasse a decisão. Mas ele, pelo menos por hora, permanece irredutível.
O fato mais intrigante é a causa. Por que Thiago Flores renunciou a uma eleição que muitos consideram favas contadas?
Ele não externou. Pelo menos, publicamente. E, se o fez para alguém, este está guardando o segredo.
E se a renúncia não for um golpe publicitário?!!!
Várias lideranças de Ariquemes estão achando isso. Flores que surpreendeu os ariquemenses em várias ocasiões com atitudes polêmicas e corajosas, surpreende mais uma vez, numa longa carta de agradecimento sem, contudo, deixar transparecer numa linha sequer, o real motivo do seu desencanto com a vida de gestor público.
Talvez flores, estrategicamente, esteja plantando a candidatura a deputado federal em 2022. Perseguindo o velho sonho, sem correr o risco de um eventual desgaste nas eleições de prefeito. Afinal, na Carta, ele não renuncia à vida pública. Renuncia a mais um mandato de prefeito. Tampouco fala em ir embora para o lugar de onde veio.
O fato é ele está deixando o Partido Repúblicano sem nome competitivo, a não ser o do próprio Alex Redano, para disputar a prefeitura.
Assim, fica aberto o caminho para o ex-deputado Tiziu Jidalias, o ex-prefeito Lourival Amorim, Lucas Follador, seu vice-prefeito, e o Capitão Levi. Todos agora, tentarão buscar o apoio do casal Redano, caso estes não queiram disputar a cadeira de onde já saíram personagens para o Senado da República e até para o governo do estado.
Veja, a seguir, todo o teor do que se está denominando de Carta Renúncia. E faça o seu juízo.
Disseram que eu sequer conseguiria ser candidato;
Disseram que eu não venceria as eleições de 2016;
Disseram que figuras antigas da política me manipulariam, que eu seria um fantoche, se eleito fosse;
Disseram que eu não duraria o primeiro ano de gestão, que eu não conseguiria encerrar o mandato;
Disseram que um “forasteiro” não merecia uma cidade como Ariquemes. Pois é, disseram muita coisa. Talvez digam até hoje.
No entanto, tive ao meu lado uma família que nunca me abandonou, alguns poucos, mas sinceros amigos, e muita gente esperançosa de um futuro melhor;
O caminho até aqui não foi fácil. Obstáculos, dificuldades, alguns conflitos. Eu não poderia imaginar as coisas que me aconteceriam, o início foi incerto, confuso e incomum…não nasci prefeito, tive que aprender a me tornar um gestor!
O primeiro obstáculo foi fazer valer na vida pública os valores ensinados na minha casa; honestidade, humildade e humanidade. A vida pública é sedutora, é preciso “postura” para não sucumbir às “facilidades” do caminho.
Não me furtei das responsabilidades do cargo, tampouco me escondia em momentos de crise, ao contrário, sempre busquei trazer a informação oficial à população, fosse ela boa, fosse ela ruim. Acredito ter conseguido ser transparente com o meu povo, fui cobrado, apanhei por nunca me omitir, mas ser transparente tem seu preço, paguei o meu.
O compromisso sempre foi o de deixar para o meu sucessor uma cidade melhor do que a que recebi e, nesse intento, contei com a ajuda de outras pessoas. Deixo aqui meus agradecimentos aos servidores públicos, sem os quais gestão alguma é possível fazer; aos secretários, que muitas vezes abdicaram de seu tempo livre e do convívio familiar em prol da cidade; à imprensa, que comprometida com a verdade e de maneira imparcial informava à sociedade; e, por último, mas não menos importante, meus agradecimentos a toda classe política de Ariquemes. Afinal de contas, ninguém é bom sozinho.
Mas em matéria de agradecimento não há a quem eu seja mais grato do que ao povo de Ariquemes, que em determinado momento da sua história, outorgou a mim, a honrosa missão de representá-los. E essa lembrança, impregnada de gratidão, eu vou levar para o resto da vida!
Faltando pouco mais de sete meses de mandato, reafirmo o compromisso de buscar melhorias para a nossa cidade, mas, principalmente, de fazer absolutamente tudo o que estiver ao meu alcance, para diminuir ao máximo os prejuízos sociais e econômicos causados pelo coronavírus, até porque nada pode ser maior do que a crença em Deus e na força do trabalho.
Reconheço que ainda existem coisas a serem feitas. Mas seja qual for o destino da próxima viagem, será menos tortuoso, pois a estrada já está pavimentada.
Dito isso, uma decisão é amadurecida na data de hoje.Vivenciei intensamente o dia a dia de prefeito de uma cidade grande como a nossa, dedicando a esse trabalho todo o meu tempo, meus valores e minha experiência de vida.
No entanto, todo ciclo tem um fim; o meu será no dia 31/12/2020. Na certeza de que deixei o melhor de mim neste mandato, anuncio que não serei pré-candidato à reeleição nas próximas eleições de outubro.
Obrigado Ariquemes, boa sorte à todos.