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Ameaça não dá’, diz ministro da saúde após Bolsonaro insinuar que poderia demiti-lo
O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta desabafou a interlocutores depois de tomar conhecimento de uma fala do presidente Jair Bolsonaro para apoiadores na noite de domingo na portaria do Palácio do Alvorada.
Bolsonaro disse que alguns ministros viraram “estrelas” e falam “pelos cotovelos”. O presidente afirmou também que a caneta dele funciona. Sem mencionar nomes, disse que “a hora deles [em referência a esses ministros] ainda não chegou. Vai chegar”.
“Ameaça não dá. O presidente tem de tomar uma decisão”, afirmou Mandetta, segundo interlocutores, em telefonemas aos ministros Braga Neto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) depois da manifestação de Bolsonaro, transmitida ao vivo por uma rede social.
Aos dois ministros, Mandetta teria afirmado que, se na entrevista coletiva diária desta segunda-feira sobre o balanço da epidemia de coronavírus no país, fosse questionado sobre o assunto, iria responder. E de forma “dura”.
O ministro, no entanto, não participou da entrevista porque, no mesmo horário, estava entre os ministros convocados para uma reunião com o presidente no Palácio do Planalto.
Bolsonaro e Mandetta tiveram divergências públicas em razão das estratégias para conter a velocidade do contágio pelo novo coronavírus. O presidente defende o que chama de “isolamento vertical”, ou seja, isolar somente idosos e pessoas com doenças graves, que estão no grupo de risco, a fim de não paralisar a economia. O ministro é a favor do isolamento amplo, adotado por governadores, pelo qual a recomendação é que as pessoas se mantenham em casa.
De forma reservada, Mandetta tem se declarado “magoado” com ataques a ele e a familiares nas redes sociais bolsonaristas.
No início da tarde desta segunda-feira, segundo informou a agenda oficial, Bolsonaro se reuniu no Planalto com quatro ministros (Braga Netto, da Casa Civil; Ernesto Araújo, das Relações Exteriores; Jorge Antonio de Oliveira, da Secretaria-Geral; Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo; Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; e com deputado Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, que é médico e compartilha da tese de Bolsonaro, contrária ao isolamento social amplo como forma de combater o coronavírus.
Fonte: G1
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